quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O neologista



  Sem esperar o próximo movimento do picoluxo ponteiro, um pinguinhozinho caiu na lauda e apareceu o primeiro rabisco. O autor daquela ação era Sorôco, igual ao personagem do conto de Guimarães Rosa, que assim como Guimarães, também é um neologista e constrói palavras que ironizam e disfarçam os significados, fazendo com que os dizeres pareçam não dizer o que dizem.
  Para erigir as testemunhas de suas vivências e andanças, Sorôco explora o cotidiano, a realidade das pessoas, assim encontra e escuta palavras diferentes e pesquisa nas mais antigas novos descobrimentos. Depois faz a fusão entre a diversidade e a origem dos primeiros vocabulários e o total de tudo é a criatividade misturada a uma narrativa, a uma estória, a uma ironia, que qualifica uma forma diferente de levar as mensagens ao receptor.
  Para Sorôco as palavras não precisam ser as mesmas, as mais conhecidas ou apreciadas. Para ele o significante delas deve deixar no papel as interpretações, e o casamento de todas elas juntas, deve deixar uma explicação conforme a mentalidade de cada leitor. Mesmo assim, não se perdem dos seus valores originais e representam a realidade, seja ela qual for, apesar de terem sido inventadas, já que cada homem personagem de uma prosa possui a sua própria luta durante sua existência.
  Assim, o neologista Sorôco, é um homem criador, criador e misturador de línguas, que campeia na realidade a reinvenção de uma nova forma de comunicação. Pois não há sentido em andar pela mesma corda por onde todos andam. O tradicional não precisa ser imitado e sim reajustado e implementado com uma nova invenção que não fuja da realidade e ao mesmo tempo esteja longe dela.
  O inventar é o que difere esse escritor, pois para ele a mesmisse não o classifica como bom e sim apenas como mais um. O seu modelo de linguagem tem pontos expressivos adequados, que estão distantes de toda e qualquer afirmação definitiva. Não há qualquer certeza estabelecida. A não ser a possibilidade de uma linguagem inventiva, esta sim, o fato real que o interessa.

Dayanne do Nascimento - Jornalista/MTB8215PR

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